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Roraima: assistência às comunidades indígenas pela ICM durante a pandemia

“Tem misericórdia de mim, ó Deus, tem misericórdia de mim, porque a minha alma confia em ti; e à sombra das tuas asas me abrigo, até que passem as calamidades.” Essa citação do Salmo 57 retrata a situação pandêmica global que tem assolado todos os povos atualmente. No entanto, a provisão e a assistência têm sido preocupação constante dos pastores da Igreja Cristã Maranata (ICM) no trato com suas ovelhas, os membros de suas igrejas. Nesta matéria, o pastor Flávio Ximenes relata os desafios e experiências da assistência às comunidades indígenas dos municípios de Pacaraima e Boa Vista, no estado de Roraima.

Vale ressaltar que 46.106 mil indígenas ocupam 46,37% do território do estado conforme informações do site do governo de Roraima. Atualmente, a igreja assiste os indígenas das comunidades de Boca da Mata, Aleluia e Fonte Nova. As duas primeiras estão localizadas no município de Pacaraima e a última, na zona rural de Boa Vista. As etnias dos irmãos indígenas das três comunidades são Macuxi e Wapixana. “Inclusive uma irmã nossa professora das crianças é Macuxi e o marido obreiro é Wapixana,” informou o pastor Flávio Ximenes.

Além do amparo espiritual, também são realizadas as doações de alimentos. Os recursos para as doações das cestas básicas são provenientes da Missão Cristã Maranata (MICM), organização ligada a ICM que tem o objetivo de promover assistência aos fiéis necessitados. “Compramos 11 cestas, ainda temos cinco e arrecadei alguns recursos com irmãos para fazermos alguns complementos de alimentos especiais às crianças”, disse o pastor Flávio, grato pela provisão de Deus.

A seguir, informações específicas quanto à recepção dos cultos digitais da ICM em cada comunidade indígena apoiada.

Comunidade Boca da Mata participa dos cultos por áudio via celular

A rodovia que acessa Boca da Mata está impedida pelas medidas de isolamento social. Com isso, a comunidade está com necessidade de recursos básicos como alimentos. No entanto, um obreiro indígena, professor na comunidade, tem distribuído as cestas básicas entre os 31 membros.

Tem sido difícil participar dos cultos via internet e televisão aberta. A energia é por meio de gerador a diesel e não há sinal de televisão para assistirem o programa Anunciando o Evangelho Eterno. No entanto, a prefeitura disponibilizou uma rede pública de internet na localidade, porém com baixa velocidade, tendo oscilações no funcionamento. Diante desta possibilidade de acesso, o pastor Flávio Ximenes enviou doações de celulares para as famílias absorverem os conteúdos digitais.

Dessa forma, os membros têm acompanhado a programação dos cultos via áudio, pois são arquivos mais leves para recepção em zonas de baixa velocidade de internet. Diariamente recebem os cultos das madrugadas transmitidos pela Rádio Maanaim e os cultos das 20h pelo Youtube. Quando conseguem melhor sinal de internet, recebem chamadas de vídeo do pastor para orar com suas famílias.

Como experiência, o professor indígena que assiste a comunidade foi acometido pela Covid-19 com sua esposa. Receberam a medicação pela equipe de saúde. Foram tratados em casa, porque não há hospital e já estão curados.

Boca da Mata é totalmente indígena e está sendo assistida pela ICM há nove anos. Atualmente congregam em um templo localizado em um prédio pertencente à comunidade com 31 membros.

Comunidade Aleluia está totalmente isolada

A assistência à comunidade Aleluia era realizada constantemente e presencialmente pela ICM, pois além da evangelização, necessitavam de recursos materiais. Atualmente, os membros da ICM pertencentes à comunidade estão sem comunicação com a igreja por não possuírem sinal de televisão, internet nem aparelho de celular. Houve tentativa de acesso pelo obreiro indígena para levar alimentos e gasolina para o gerador, porém de acordo com as medidas de isolamento não foi possível.

Antes da pandemia, a ICM instalou um gerador para proporcionar condições de recepção do sinal via satélite dos cultos nas segundas e terças-feiras, sábados, domingos e Escolas Bíblicas Dominicais. Também participavam dos cultos presenciais. “A comunidade de Aleluia é totalmente dependente de nós, não tem recurso algum, está isolada a 88 km da rodovia e nós não podemos acessar.” Contou o pastor Flávio pedindo oração por esses membros que estão sem comunicação com a igreja e sem acesso aos cultos.  O pastor também disse que há uma preocupação enorme com os irmãos neste período de chuvas, no qual os casos de malária aumentam significativamente. A comunidade Aleluia tem sido assistida há nove anos pela ICM, congregando 21 membros em uma estrutura coberta por palhas, característica dessa região.

Comunidade de Fonte Nova participa dos cultos por TV e internet

A ICM também ampara a comunidade de Fonte Nova totalmente indígena que também não possui recursos financeiros. Por isso, diante da pandemia foi necessário colocar um ponto de energia há três semanas e um aparelho de televisão para os membros assistirem aos cultos digitais. Como a localidade possui sinal de televisão, estão assistindo o Programa Anunciando o Evangelho Eterno aos domingos, às 13h, horário local. A igreja também conseguiu proporcionar internet de alta velocidade para participarem dos cultos digitais diários via Youtube. “É uma comunidade que está mais assistida, pois podemos entrar lá para levarmos recursos alimentícios como cestas básicas”, relatou o pastor Flávio, dizendo ainda que três famílias estão com malária, mas já estão sendo medicadas.

Quanto ao tempo de evangelização da ICM na comunidade, Fonte Nova está sendo assistida há cinco anos e meio e possui 44 membros assíduos. O pastor informou ainda que hoje fez uma visita na localidade para assistir e levar a doação de um aparelho de celular para uma família ter acesso aos cultos digitais. A estrada de chão para Fonte Nova é de difícil achegamento e com este período de chuvas fica ainda mais inacessível. No entanto, o trabalho de evangelização e assistência tem sido realizado pela ICM com o apoio da MICM para que o evangelho seja proclamado e que não falte nada aos fiéis.

Por Andréia Talma

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